Powered By Blogger

domingo, 31 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 12

Em busca do fim da derrama


A vida campestre da freguesia

Continuamos a seguir, com alguma curiosidade, o que vai acontecer à derrama que a «Junta de Parochia» decidiu lançar sobre as contribuições devidas ao Estado, a pagar pelos habitantes e proprietários da freguesia, nos anos de 1903 e 1904.

Numa acta da sessão de 22 de Janeiro de 1905, refere, a certa altura, que o presidente (que como os vogais continuavam a ser os mesmos) «apresentou à Junta o orçamento ordinário da receita e despeza da mesma Junta para o corrente anno [1905], e ponderou que, como sabiam, se não cobrou a derrama lançada para o anno ultimamente findo [1904], por a manifesta reluctância dos povos em a pagar, desistindo-se, assim, de fazer já todas as obras em projecto. Figura, portanto, na receita só a importância da derrama de mil novecentos e três e com ella se realisarão as obras mais indispensáveis, que vão no projecto do orçamento; e a Junta concordando em que se não cobre a derrama auctorisada para mil novecentos e quatro, deliberou approvar o predicto orçamento, depois de discutidas todas as suas verbas.»

Mais abaixo, a acta esclarece ainda que o presidente apresentou de seguida à Junta a conta geral de receita e despesa do ano ultimamente findo [1904] «e ponderou tambem, que, havendo-se cobrado a importância da derrama lançada e auctorisada para mil novecentos e três, com excepção de dois mil e oitocentos reis, que, por serem de insignificantes quantias e pobres os contribuintes, não correspondia ao sacrificio de obrigar aquelles ao pagamento judicial; e que, como sabiam, se desistiu da cobrança da derrama, lançada para mil novecentos e quatro, pela reluctancia dos contribuintes em a pagar, desistindo-se, assim também, de realisar todas as obras necessarias. Fazem-se agora a reparação dos telhados da egreja e a dos muros do adro, e, mais tarde, com donativo que se esperava, se fará o resto.»

Resumo: a derrama não mais foi aplicada aos pobres contribuintes da freguesia, no ano de 1904 e seguintes. E dizemos mesmo pobres, porque transparece que alguns não a terão pago. Mas é reconhecido que os valores eram tão diminutos que não valia a pena utilizar-se a via judicial para a sua cobrança. Por aqui ficou a história da derrama, que apenas durou um ano, em cobrança, não sem ainda se referir que a palavra «relutância», em grafia actual, deixa prenunciar um certo coro de protestos que há mais de cem anos terão provocado esta iniciativa da Junta de Freguesia. Mas prevalece um facto histórico que consideramos relevante; ainda não é desta que os valores da derrama são tornados públicos.
Mas havia ricos (poucos) e pobres (muitos). E aqueles resolveram, em certa medida, o problema, como foi o caso do Conde Águeda, senhor da Aguieira (termo referido numa acta) e que a seguir vamos dela tomar conhecimento. Aquela redacção de fazer as obras com donativo que se esperava, leva a crer que aqui já andaria a vontade do Conde de Águeda na sua benemerência em ajudar as obras que, parece, eram mesmo necessárias.
Então até lá...
Que consideramos interessante os pormenores da vida rural e campestre que predominavam, na altura, na freguesia de Valongo do Vouga, como em outras...

A história local

Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
- Sítio da Mina -

Dedicado a esta temática da arqueologia do Vouga, vamos seguir ainda o conteúdo do «guia da estação e do visitante» (páginas 33 e 34) editado pela Câmara Municipal, que é oferecido aos visitantes da Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga. Esta parte, intitulada «Da "conquista" ao domínio romano», como a seguir se indica, é bastante extensa, pelo que se entende útil dar-lhe uma sequência organizativa com a sua numeração. Mas o seu conteúdo tem interesse para quem gosta destas coisas «velhas»...
.......
Da "conquista" ao domínio romano - I
A utilização do termo "conquista", aqui neste trecho do Cabeço do Vouga - o sítio do Cabeço da Mina - constitui apenas uma referência de carácter cronológico em relação ao que então se passava no resto da Península Ibérica, dado que vestígio algum, até ao momento, nos indica a existência de qualquer acção de confronto militar.
O que o registo arquelógico revela é uma realidade diferente, ou seja: presença de uma culturação paulatina das populações pré-romanas, aqui instaladas, documentada a partir dos ítens ergológicos.
Com efeito, tudo indica que aqui se deu uma "revolução tranquila": nada de hostes romanas irrompendo brutalmente pelo povoado indígena impondo o seu poderio militar primeiro, político e económico depois.
A época republicana - altura apontada teoricamente para tais eventos - inclusivé, não foi até ao momento identificada, nem mesmo ao nível da circulação monetária, donde os vestígios arqueológicos que nos falam da latinização do local, se situarem por alturas do séc. I a. C., já em época alto-imperial e, mesmo desta altura, nenhum vestígio fala da brutalidade dos "conquistadores".
A romanização lenta, mas inexorável, colhe assim, neste sítio arqueológico da Mina, testemunhos de grande pujança, durante cerca de seis séculos, tanto ao nível dos itens da cultura material e/ou ideológica, como ao nível construtivo - das construções mais simples, como para as mais elaboradas, de carácter público.
É por este tempo que se constrói a grande plataforma murada, à semelhança de um criptopórtico, embora este não seja porticado.

(Continua)

sábado, 30 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 11

Derrama de 15% para obras da igreja


Da derrama de 1903 à imagem das festas de elevação a vila em 2009

Parece-nos coerente que não se desista, agora que vamos avançados na pesquisa sobre este assunto, de continuar a mostrar qual a evolução sobre a receita e consequências da derrama de 15% destinados às obras da igreja, cujo arranjo estava orçado em mais de 600.000 reis. Isto em 1904.
A acta da sessão de 7 de Fevereiro de 1904, já nos diz mais qualquer coisa do que se estava a passar, sobre a utilidade e o êxito da iniciativa de pedir ao povo uma derrama de 15% sobre as contribuições directas devidas ao Estado. Vamos ver o que esta acta já prenunciava.
A acta menciona que na sessão estiveram presentes todos os elementos já referidos anteriormente, foi aprovado o orçamento ordinário para 1904, e acrescenta:

«Em seguida, apresentou o mesmo presidente à Junta a conta geral de receita e despeza do anno ultimamente findo de mil novecentos e três, e ponderou que, tendo-se votado quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado, para reparos da egreja, se fizera essa cobrança que se acha adiantada;(1) mas que não se applicara o seu producto, por ser insufficiente para os reparos a fazer, e que, por isso, se pediu nova auctorisação para o corrente anno, a fim de, com o producto dos dois annos, se proceda à reparação. E a Junta conformando-se com as considerações apresentadas pelo seu presidente, procedeu a conhecer da conta apresentada, e depois de verificar que esta se achava exacta, deliberou, na auzencia do presidente, approva-la. E para constar, se lavrou esta acta, que vae ser devidamente assignada e que eu João Baptista Fernandes de Sousa, secretário, a escrevi. Diz a razura = adiantada.»

(1) - Esta palavra está rasurada, como diz a acta no final. E para que não fiquem dúvidas, o secretário refere isso mesmo: «diz a razura = adiantada».
Há outros pormenores nesta acta que, penso, devem ser realçados. Por um lado são aprovadas as contas do ano de 1903, que corresponde ao primeiro ano de cobrança da derrama. Deixa transparecer que o seu resultado e objectivo foram fracassados, por ter atingido um valor relativamente pequeno. Daí que se procure estabelecer o equilíbrio no ano seguinte.
As contas são aprovadas, mas a acta não só não apresenta valores, como omite o valor da derrama cobrado. Ficamos sem saber os seus resultados, salvo o que estava previsto cobrar-se e é denunciado numa acta anterior.
Um último pormenor. Levamos esta transcrição até ao fim para dizer que o secretário (também vogal da Junta) era João Baptista Fernandes de Sousa, que ocupou este cargo durante muitos anos.
Fica-nos também a sensação que o presidente, presente nesta sessão, ter-se-á ausentado durante o período do seu funcionamento. A acta deixa um «gato escondido com rabo de fora».

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
- Sítio da Mina -


Vamos respigando da brochura editada pela Câmara Municipal/Gabinete de História e Arqueologia, em Janeiro de 2008, com texto e imagem de Fernando Pereira da Silva (recentemente falecido), Design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento, na continuidade dos post's anteriores, o constante das páginas 31 e 32, com que termina o capítulo que foi intitulado de:
........
Aculturações e afirmações:
do "ferro mediterrânico" ao "ferro atlântico"
Numa primeira fase, encontram-se os edifícios, ou melhor, alicerces, de pequena planta circular, com muros sumariamente aparelhados, em aresta seca contendo, no perímetro interior, buracos de poste que atestam uma cobertura à base de ramagens, ou ainda pedras de superfície côncava para apoio do poste central. São verdadeiras "cabanas pétreas" que seguem genericamente as tradições das "choupanas" de palha-barro.
Numa segunda fase, assiste-se a uma alteração das plantas dos edifícios, o que não significa que não haja coexistência com as construções mais arcaicas.
Os aparelhos construtivos continuam a pautar-se por muros de aresta seca e pequeno aparelho, embora surjam as primeiras "argamassas" de terra e pedra miúda.
As construções começam a apresentar áreas maiores, planta oblonga e/ou rectangular, de cantos arredondados.
Em alguns casos, os muros foram obtidos e partir do talhe do afloramento arenítico.
Internamente, tais construções ainda possuem os característicos buracos de poste de sustentação ou também de bases, talhadas no arenito de base.
Numa terceira fase, nos alvores do imperialismo romano e, de certo modo, por ele influenciado, dão-se alterações significativas que, se não se vislumbram claramente ao nível das plantas, observam-se no redimensionamento dos interiores e na aplicação de materiais afins ao mundo romano como tegulae e imbrices, nas coberturas e lateres nos pavimentos.
É sobre este substrato da I. do Ferro que se irá estabelecer o mundo romano, a partir do séc. I a.C.

A seguir: - Da "conquista" ao domínio romano

A Junta de Freguesia na história - 10

A derrama de 15%

Temos visto anteriormente que dos factos e episódios porque passou a vida da Junta de Freguesia (Junta de Parochia, como se desginava), uma situação com alguma curiosidade para nós, agora, tem a ver com a necessidade de em 1902 se referir que a igreja estava em mau estado e que era urgente a sua reparação. Mas não havia dinheiro! Como rodear o problema e encontrar a solução?

Vista parcial da igreja paroquial de Valongo do Vouga (actual)

Já vimos que com a maior facilidade, uma deliberação em acta, devidamente justificada, seria suficiente para pedir às instâncias que controlavam e cobravam impostos uma derrama de 15% sobre as contribuições que ao Estado pagavam os paroquianos.

A ideia não viria a frutificar como se desejava.
Na pesquisa realizada nas actas antigas diz-se que na sessão de 13 de Setembro de 1903 (passado um ano após a deliberação e lançamento da derrama), a questão apresentava-se ofuscante e nada propícia para os objectivos pensados.
Desta forma, respigamos que na referida acta, sendo ainda presidente o pároco João António Nunes Callado, e vogais o padre Celestino de Almeida Branco (que foi da Veiga, como se sabe), José Correia de Bastos, Joaquim da Fonseca Morais e António da Fonseca Vidal (mencionamos os nomes por curiosidade em se saber quem, em 1903, fazia parte da Junta), «e aberta a sessão pelo predicto presidente, ponderou este aos demais vogaes que o producto da derrama lançada no corrente anno (quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado) para reparos da egreja matriz, é insufficiente; pois que esses reparos mais necessários e urgentes estão calculados em mais de seiscentos mil reis, quando é certo que a derrama parochial d'este anno, que está em cobrança, está orçada em duzentos e quarenta e nove mil e seiscentos e sessenta reis. Assim, entendia que os mencionados quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado se deviam cobrar ainda no proximo anno de mil nevecentos e quatro. E a Junta reconhecendo a necessidade d'essa cobrança deliberou provisoriamente que se lançassem esses quinze por cento e que se pedisse a precisa autorisação.»

Fica apor aqui e por agora este naco de história da freguesia. Veremos mais adiante que tal cobrança foi mal acolhida pela população e resultou em algumas reacções, acabando por se desistir. Isto, em função do que já tive oportunidade de ler e assinalar para aqui poder referir proximamente este episódio da história, relativamente recente, da freguesia.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 9

A identidade histórica da freguesia



Este não será, naturalmente, o melhor título para esta crónica.
Após um dia de interregno, que serviu para rebuscar mais alguma coisa sobre a Junta de Freguesia, desde os finais do século XIX, uma vez que nos faltavam elementos para continuar a história da derrama que existiu, durante pouco tempo, no início do século XX, e obtidos tais elementos, aqui voltamos para falar um pouco sobre essa história, que não só da derrama.
À medida que vamos avançando e descobrindo certos factos com características que denunciam e deixam imaginar o que era a vida da freguesia e da sua evolução, ficamos cientes que afinal essa história pode ser mais completa e extensa que aquilo que era inicialmente o nosso projecto.
Sendo assim, tínhamos pensado em modificar a rubrica, com um título mais adequado. Concluímos que sendo as actas que nos relatam alguns desses factos, e tendo origem na Junta de Freguesia (ou Junta de Parochia, como se escrevia e designava, segundo as regras políticas do tempo), decidimos que vamos continuar com a designação de «A Junta de Freguesia na história», mas procurar dar-lhe alguma organização, numerando, a partir de agora, todos os capítulos que com esta matéria tenham relacionamento.
Daí o facto de que este capítulo (post) tem o número nove. Significa que até ao momento e sobre esta história, já se escreveram oito vezes o capítulo com aquele título.
Por outro lado, vamos aos post's anteriores e numerá-los também.
Damos seguimento e expôr alguns episódios, factos, acontecimentos, modos de procedimento então utilizados nas Autarquias (designação moderna e actual das Juntas de Parochia, depois Juntas de Freguesia, como agora, mas na lei mais conhecidas como Autarquias), que tenhm motivo de interesse e de curiosidade, todos eles obtidos, sempre, do conteúdo das actas que a Junta de Freguesia, na pessoa do seu presidente, nos permitiu consultar para este efeito. Penso que se impunha esta explicação.

Os homens e Deus

Unidade na diversidade
.......
Fernando Pessoa escrevia: «A espantosa realidade das coisas/ é a minha descoberta de todos os dias». É isso que peço, Senhor. Não nos deixes no embaraço baço da superfície; nos olhares e nos juízos que roçam apenas a periferia, que descrevem o exterior, mas nada sabem do gume. Dá-nos o saber de reparar a fundo, de escutar o indizível segredo que torna todos e tudo espelho do Teu assombro. Impele-nos à descoberta de um real que nos é tão próximo, mas afinal desconhecido. Que o nosso coração esteja vigilante para acolher o modo surpreendente como Tu, ó Deus, sempre Te revelas! Hoje. Agora.

José Tolentino Mendonça


In SNPC, aqui

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A história local

Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
- Sítio da Mina -


Faleceu o Engº Fernando Pereira da Silva

Como os nossos visitadores sabem, temos publicado aqui, com o título de «A história local», algumas passagens sobre a Arqueologia realizada no Cabeço do Vouga, Sítio da Mina, que como o seu conteúdo cita, tiveram os seus trabalhos reiniciados no ano de 1996.
Desses trabalhos, a Câmara Municipal editou com data de Janeiro de 2008, uma brochura, a que foi dado o título de «Guia da estação e do visitante, Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga, sítio da Mina».
De acordo com a ficha técnica, esta brochura de mais de 50 páginas, devidamente ilustrada com fotos antes e depois das escavações actuais, teve o Design de Pedro Alves/Divisão de Estratégia e Planeamento, e Texto e Imagem de Fernando Pereira da Silva.
Este último, dirigiu os trabalhos da especialidade, deles deixando o conteúdo interessante do que foi descoberto, acompanhado de algumas fotografias, que espelham a evolução desses trabalhos.
Certamente que é com pesar que nos sentimos na obrigação, perante os referidos post's sobre este assunto, de participar que o autor dos textos faleceu no passado dia 22 de Janeiro, tendo sido sepultado no cemitério da freguesia de Valongo do Vouga, hoje, dia 26.

De seu nome completo Fernando Augusto Pereira da Silva, de 56 anos de idade, deixou um legado ao concelho sobre a sua história.

Foto retirada do anúncio do funeral realizado pela agência funerária Cardoso & Martins-Póvoa do Espírito Santo

A Junta de Freguesia na história - 8

Derrama de 15%


Como já vimos anteriormente, nesta série de capítulos sobre alguns pitorescos e históricos factos da vida da Junta de Freguesia desde os fins do século XIX, constatamos que a Junta, com uma burocracia simplista, a que chamamos o «simplex» daquele tempo, resolveu por uma simples deliberação exarada em acta, lançar uma derrama de 15% sobre as contribuições que os paroquianos de Valongo do Vouga pagavam ao Estado.

Ficámos com curiosidade em saber da evolução deste acontecimento, que teve início em 31 de Agosto de 1902 (século XX). Então vimos dar conhecimento que na acta da sessão de 14 de Setembro de 1902, sob a presidência do reverendo prior João Antonio Nunes Callado, e «aberta esta predicta sessão, pelo mencionado presidente, disse este para os demais vogaes que era preciso officiar à Excellentissima (está escrito assim: Excellentissa) Camara d'este concelho afim d'esta nomear dois informadores para organizar o rol da derrama que se projecta lançar para obras da egreja, e que, no caso de a mesma Camara se recusar a nomeal-os, indicava já para esse fim os senhores Custodio Martins Pereira e Antonio Gomes Corrêa Sereno, como tudo ordena o Codigo Administrativo em vigor. E a Junta, concordando com a proposta do seu presidente, deliberou affirmativamente.»

Por este extracto, a derrama iria avante mas havia a necessidade de nomear duas pessoas, mas, se a Câmara não o fizesse, a Junta indicava já, para "facilitar" as coisas, essas mesmas pessoas da freguesia.

Vamos, a partir de agora, verificar a evolução deste acontecimento. Como se vai ver mais adiante, as obras da igreja rondavam, salvo erro, porque não fui confirmar, mas já li, a quantia de 600.000 reis, o que, para a época, era uma pequena fortuna. Penso até que este valor já foi mencionado aqui em post's anteriores.

Recordamos que procuramos respeitar a ortografia em que a acta está redigida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ausência forçada

As minhas desculpas

Isto de tecnologias, às vezes fazem desesperar

À hora que aqui estou a escrever, é apenas para dizer que estes dias foram um tanto ou quanto desastrados.

Por um lado, as ocupações não me deram tempo livre para fazer a série que estou a seguir relacionada com a história da Junta de Freguesia.
Depois uma arreliadora avaria nestas coisas de ligações internautas, não me davam o direito de acesso à internet e aos blogues, como é lógico.
Após algumas horas de telefonemas, cuja conta vou esperar não seja pesada, só agora há poucos minutos é que conseguiram restabelecer-me a ligação com o servidor.
Agora, para dizer aos meus seguidores e visitadores que não vale a pena fazer nada hoje, porque amanhã também é dia.
Por isso, com as minhas desculpas e com impossibilidade de dar explicações mais cedo, elas aqui estão apenas agora.
Bons sonhos... e até amanhã.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Coisas da Guiné - 22

As indecências necessárias

Hoje estou para estas coisas. Não porque me apeteça, mas apenas para manifestar alguma revolta e indignação, passados tantos anos, por aquilo que vivemos, sofremos, sacrificamos, para dar naquilo que todos sabiam: EM NADA. Melhor, iria dar naquilo que era lógico e que pouco tempo antes dos anos anteriores a 60, as outras nações já tinham iniciado. A autodeterminação das suas colónias, com o império inglês a fazer marcar o passo.
.....
Até o escriturário cava com uma enxada. Era capaz de estar a fazer a piscina
.....
E tudo isto apenas por causa desta fotografia.
Fui eu que a tirei. E o que ali se passa, quero que fique aqui à disposição dos internautas, para confirmar que as condições de vida eram estas que algumas e muitas outras imagens que andam por aí podem mostrar para confirmar.
E isto não era uma situação para nos queixarmos. Ou seja, era considerada uma situação de muita, ou altíssima, condição para poder viver sem problemas. Outros viveram pior, como autênticos animais, metidos em buracos.
É isso mesmo. Um grupo de camaradas meus, todos eles ainda meus conhecidos (se os vir agora, devem estar todos um pouco mais gordinhos, de certeza. Mas nunca mais nos encontramos), em grupo (fazia parte da segurança) a tomar o seu banhinho numa espécie de ribeira ou nascente, ali mesmo próximo de Bula, local este para onde se ia a pé. Portanto não era longe. Nesta altura já tínhamos saído de Ingoré.
E era assim... como todos sabem. Dentro do aquartelamento poderiam existir algums condições, mas não me lembro. Porque ali era mais cómodo, limpo e a água era melhor... para a pele. (?)
Pronto, aqui fica uma amostra de uma outra faceta de vida da Guiné.
E daqueles jovens!

Coisas da Guiné - 21

O DIA DO EMBARQUE

Já o disse aqui. Repito-o sem entusiasmo…
Embarquei naquele local conhecido de todos, em Lisboa, no dia 14 de Julho de 1963.
Já pouco tenho gravado em memória esse dia. Quase que não sei como foi. Talvez psicologicamente anestesiado, quase não dei pela minha entrada no barco. Não tinha ninguém a despedir-se de mim na Rocha do Conde de Óbidos, ou por ali perto, mais umas centenas de metros para baixo ou para cima.
Dessa anestesia, ficou-me o desejo, lembro-o hoje, que poderia ter evitado isso…não sei. Quase perdi a percepção dessas coisas. Há pelo menos uma que fiz. Nunca apresentei o documento comprovativo das minhas habilitações literárias ao tempo do ano de 1963, porque tinha receio de ir para a tropa muito tarde e de ir cair a sítios que, naquele tempo, seriam considerados de maior risco, estando, na linha da frente, Angola.
......
Maçarico para a Guiné, a bordo de um monte de sucata
......
Na Guiné, as coisas não estariam tão más quanto isso, pois nesta terra vermelha de sangue, suor e lágrimas (Armor Pires Mota), a guerrilha estava em «preparação» e «organização». E não me enganei. Embora já existissem zonas de constante actividade guerrilheira.
Voltemos ao princípio.
E lá entrei, qual carga de gado vivo, num barco que se chamava «Sofala».
Como era preciso cumprir as ordens de Salazar (porra, sempre este nome a vir à baila, quando falamos da nossa juventude passada, toda ela, sob o síndrome da guerra colonial) que dizia «rápido e em força». Nem que fosse preciso tratar as pessoas como meros animais, que entravam num cargueiro sem condições para transportar o que quer que fosse, quanto mais pessoas!!!
Eram porões e mais porões, num cargueiro enorme, “carregado” de milhares de homens uniformizados militarmente, qual quantidade abismal de carne para canhão, ali metidos, tendo ainda, por baixo desses porões, uma quantidade enorme de outros com viaturas, armamento, máquinas e munições, muitas munições.
Quer isto dizer que aquele barco, o «Sofala» que nos levava, com pouca preparação, para um distante desconhecido e estranho, ia carregado até mais não poder.
E partimos. Iniciava-se, naquela altura, a construção da ponte, que nem o nome me atrevo a pronunciar e que lhe deram após terminada. Não é que o actual “baptismo” da mesma me seja acomodatício. Gostaria que um crânio mais iluminado lhe tivesse atribuído outra “nomenclatura”.E lá fomos. Penso que saímos de tarde, ou terá sido de manhã? Não, não estou a brincar, já não me lembro do que deveria ter sido o dia em que me ficariam gravados todos os momentos e acontecimentos.
Sei é que no mesmo dia, ou no dia seguinte, todo aquele monte enorme de ferro em que eu ia, deitado numa enorme fonte de perigo, sujeito a ir pelos ares e ficar feito em frangalhos, se é que os frangalhos se pudessem ver, avariou. E estivemos à deriva, em alto mar, em balanços constantes, até ao meio da tarde. Raro era aquele que não «deitava a carga ao mar». Eu fui um deles.
Avaria consertada, lá continuamos até à foz do Geba.
Já se cheirava às águas do Geba e das bolanhas, quando fomos sobrevoados por alguns aviões, que certamente vinham ao nosso encontro e, como já estávamos perto da costa, pela «valiosíssima» carga que transportava, não fosse o diabo tecê-las.
Como outros, aquela abantesma, chegado a Bissau, teve de ficar aproado no meio do Geba. E de imediato a «descarga» começara…
Fomos transportados para a Escola Primária “Teixeira Pinto” próxima do depósito de água, no Pilão, e ali permanecemos uma semana. Já aqui contei este pormenor…
Depois, «ferramenta» nova (G3) e lá partem para Ingoré.
Era o momento ideal para terminar aqui esta estória. Mas não o quero fazer, sem evidenciar mais uma vez, as miseráveis condições em que fomos transportados naquele famoso, velho, quase apodrecido navio… no qual cheguei a ir ver a casa das máquinas. Eram indescritíveis as condições de trabalho daquela gente.
Mas também vi peixes voadores, e «mar chão» que nunca tinha experimentado! Que grande coisa! O barco deslizava qual automóvel em tapete de alcatrão!

J.M. Ferreira

Coisas da Guiné - 20

O MACHO DESEJADO

Velho nas giras balantas, de coxas musculosas – mas já flácidas -, mascando o tabaco em pó guardado em pequena extremidade de chifre de vaca, barba crescida e já entremeada duns laivos prateados, com o chapéu de esteira quadrangular na cabeça, lá estava o velho SAMUD olhando o capim que crescia em alvoroço em bolanha fértil.
Com aquela idade já pouco podia fazer.


Morro de baga-baga, na Guiné, alto e forte, feito por formigas. O «pássaro» lá no alto, sou eu

Ano após ano esperava em vão o filho que sonhara; sentado no ourique empapado e negro, imaginava-o troncudo e enorme que rasgava a lama fecunda com a precisão de um veterano e o entusiasmo de rapariga em noite de batuque.
A cada sulco, a cada golpe, o velho abanava a cabeça numa aprovação muda e amarga. Acariciava a barba requeimada por anos de cachimbadas apreensivas e sôfregas.
Como lhe tardava a nascer um filho, como ele o desejava! Chuvas e chuvas de canseiras, lavrando e suando; beijando a terra que lhe daria o arroz, na mira de pecúlio para aumentar as cabeças de gado. Trabalhador e honesto jamais aparecera no Posto por furtar uma vaca.
Luas e luas, na época do seco, enganando a fome, fugindo da loja onde a aguardente de cheiro activo e adocicado tentava um santo; para que não se endividasse, para não ter de entregar, na hora da colheita, toda a produção a título de pagamento.
Quantas dores não recalcara, silencioso e grave no dia que lhe roubaram três vacas amarelas e possantes que o seu suor, a sua fome, o seu isolamento haviam pago com moedas de sangue!
Por fim casara. Não tivera de mendigar mulher, de porta em porta requerendo prazos, firmando contratos. Aparecera, um belo dia, com um bom partido. Pudera escolher, fazer-se exigente, impor condições. De nada lhe servira.
Ano após ano esperava em vão o filho que sonhara. Nem o jambacosse, nem as viagens que a mulher, só, de povoação em povoação fizera, nem os mèzinhos, nem as sovas, nem as pragas.
NADA.
Vezes sem conta arrumara as alfaias e as esteiras, pronto para a mudança de terra. Mas aquelas bolanhas férteis e negras, incansáveis, agarraram-no sempre, e sempre o acorrentaram à grilheta eterna.
Arranjara outra mulher. Desta vez, porém, pagara-a bem paga – que a notícia da esterilidade correra toda a Administração de Posto e lhe assacaram a culpa. Trouxera-a mimada, enchera-a de panos e lenços, de aguardente e tabaco. Fechara os olhos, complacente, à sua malandrice. E não ouvira – nunca as pragas e as queixas, as revoltas espectaculosas que a primeira fazia, em gritos furiosos que toda a povoação escutava.
Um filho. Ele mais não queria que um filho, um macho valente que juntasse aos seus braços novos músculos, aos arados novas mãos. E o filho tardara. Sofreu a injúria das piadas mordazes, a afronta dos desrespeitos, a dor de novos roubos – que homem sozinho é arado sem cabo.
Pedira apoio, gritara, ameaçara. Naté, aquele porco que deixou a mulher morrer no mato, depois de partir, empunhara o terçado quando lhe pediu ajuda e fizera-o calar. Estava bêbado o cão!
Tudo passava pelo seu espírito, sentia-se só, muito só e tristonho. DAVATAMBE, ainda a resfolgar, sem fôlego, borracho como um porco dissera a contorcer-se num riso rouco ao passar junto do velho SAMUD: - “Então a tua Cumba não fica prenhada?!...”Samud emudecera. Como aquele cretino adivinhara o que pensava! E, aumentava a sua dor que mastigava e engolia silencioso. Rolou-lhe uma lágrima pelo rosto e olhou distante até aos confins do capim selvagem que lhe invadia as terras da bolanha outrora férteis.
E ali ficou parado e mudo, olhando estupidamente para a água muito clara, para a canoa encalhada, para a sua Cumba que se aproximava indiferente e sorna.

“OKEY”
Pseudónimo de Ramiro Fernandes Figueiredo
Ex. Alf Mil Médico da CCaç 462
Guiné – Ingoré, 11 de Abril de 1964
Um conto integrado no «Jornal da Caserna» (nº 5)
Periódico daquela Companhia

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A história local

Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga
- Sítio da Mina -


Continuamos a fazer uma consulta aos elementos da Guia da estação e do visitante, editada pela Câmara Municipal/Gabinete de História e Arqueologia, recomeçando nas páginas 29/30, cujo sub-título que as suporta é:

Aculturações e afirmações:
do "ferro mediterrânico" ao "ferro atlântico"
Estes novos contributos populacionais e culturais não se estribarão apenas nas trocas comerciais, mas introduzirão toda uma panóplia de fundo cultural - olaria a trono lento (sem perder de vista o fabrico manual/artesanal), uma maior generalização dos metais (ferro), uma melhor rede organizativa dos espaços populacionais (tanto habitações, como áreas de acesso e de livre circulação; as habitações adquirem uma estrutura empedrada, suprimindo a construção em palha-barro anterior, segundo as tradições da Idade do Bronze), visibilidade dos habitats - no cimo dos montes, sobre linhas de água, construção de fossos e/ou muralhas.
Este mundo. se comparado com o imediatamente anterior, revela-se mais complexo, a começar pela organização social - de acordo com os espaços habitados - a estrutura sócio-religiosa, aos itens ergológicos em que, pese o predomínio da 0laria de fabrico manual, surge uma cada vez maior presença do torno lento conjugando-se com os metais, ferro.
O panteão das divindades locais e/ou regionais começa a afirmar a sua presença.
Os rituais funerários, se bem que herdados da estrutura sócio-religiosa anterior, vai-se impondo - os "crematórios" são a prática mais comum destas sociedades do Ferro atlântico.
Será, contudo, a adopção das construções em pedra, singularmente aparelhada, a par da erecção de muros e/ou muralhas, de efeitos e objectivos diferenciados que marcará esta singular cultura e/ou civilização a que muitos designarão por "castreja", mesmo se muitos dos desenvolvimentos que se lhe conhecem se devam já à influência romana, no decurso do séc. I.
Este «ferro atlântico» conhece várias etapas de desenvolvimento até ao advento do imperialismo romano no séc. I a.C.

A Junta de Freguesia na história - 7

A Junta lança derrama de 15%

Esta história da derrama é um caso «sui generis» numa freguesia. Foi o que se passou e que se constata na acta da «sessão extraordinária de 31 de Agosto de 1902». E, caso curioso, esta derrama era uma decisão administrativa, pelo conteúdo da referida acta.
Não vamos transcrever toda a acta mas dividir o seu conteúdo por partes:

1 - Justificação
É referido na acta, que teve a presença do reverendo párocho João Antonio Nunes Callado, presidente nato, e os vogaes padre Celestino d'Almeida Branco, Joaquim da Fonseca Moraes, José Corrêa de Bastos e Antonio da Fonseca Vidal.
«E aberta esta mensionada sessão pelo dito presidente, ponderou este á Junta que a egreja parochial d'esta freguezia, estava como todos sabiam, em más condições de conservação, tanto na parte interior como externa, carecendo, por isso, de urgentes reparos; e como as receitas ordinarias d'este corpo administrativo sejam insufficientes, porque, alem das esmolas facultativas, applicadas para os sermões da quaresma, só tem, digo, só regulam ordinariamente de dez a doze mil reis, entendia que se devia recorrer a uma derrama parochial, que não devia ser inferior a quinze por cento sobre as contribuições directas do Estado, em harmonia com o disposto nos artigos cento e noventa e 191 do Codigo Administrativo em vigor.»

2 - Como era conduzido o processo
Continua a acta a dizer isto: «E a Junta, conformando-se com a proposta e considerações apresentadas pelo seu presidente, deliberou provisoriamente que se lançassem os referidos quinze por cento sobre as mencionadas contribuições, e que, sem demora, se remetessem copias d'esta acta para a administração do concelho, a fim de subir á approvação superior, como ordenam o artigo cento e oitenta e seu paragrapho segundo. Do que para constar se lavrou esta acta que vai ser devidamente assignada, e que eu, João Bpatista Fernandes de Souza, secretario da Junta, escrevi.»

3 - O simplex para arranjar dinheiro
Parece-nos bastante simplista esta forma de arranjar dinheiro, solicitando-se do Estado o lançamento desta derrama de 15% sobre o valor das contribuições que os paroquianos pagavam, com apenas uma deliberação exarada em acta.
Esta situação despertou-nos alguma curiosidade sobre a evolução da sua aplicabilidade prática, dos seus resultados e como é que a população teria reagido.
É isso que vamos ficar a saber proximamente através de outra acta.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Junta de Freguesia

O Campeão dos Mandatos

Como se sabe, tenho andado por aqui a contar umas histórias, relativamente antigas, retiradas das actas da Junta de Freguesia. Paralelamente vou fazendo algumas consultas de dados fidedignos com o intuito de não cair em contradções ou imprecisões. Socorri-me, desta feita, da Monografia de António Simões Estima, que está actualizada e fui ver o conteúdo sobre a Junta de Freguesia.
Há por lá algumas curiosidades e, nalgumas delas, também fui interveniente. Veja-se, por exemplo, esta situação, que refere António Simões Estima, na referida Monografia «de Ualle Longum a Valongo do Vouga», pagina 216.

Em 21 de Janeiro de 1977 (já não me lembrava) tomaram posse os primeiros eleitos, depois do 25 de Abril de 1974, cujos órgãos ficaram assim constituídos:

Assembleia de Freguesia:
Presidente: - Carlos Humberto da Silva Cardona, (a) tendo sido mais tarde substituído por Fernando Duarte Saraiva (Fernando Jorge Duarte Saraiva).

Junta de Freguesia:
Presidente: - José Lopes Falcão
Secretário: - José Marques Ferreira
Tesoureiro: - José Simões Fernandes (b)

No que me diz respeito, volto a ser eleito em 1979, tomando posse em 1 de Janeiro de 1980, mas ficando apenas na Assembleia de Freguesia, porque não aceitei o convite para um cargo que o sr. Estima (que tinha vencido as eleições) me tinha sugerido, porque me encontrava demasiadamente saturado com a actividade desenvolvida no mandato anterior, na presidência de José Lopes Falcão. Mas voltei a ocupar o cargo, passados três anos, quando o Dr. Bastos foi eleito presidente da Junta.

Mas o que aqui me trouxe, não foi esta história fugaz que tive nos órgãos autárquicos, onde ainda, como 1º secretário da Assembleia de Freguesia, estive no mandato que terminou em 2004. O que pretendo focar é que o campeão de mandatos, quando eleito Presidente da Junta, foi, até ao momento, a carreira de Carlos Alberto Carneiro Pereira.
Adulado por uns, odiado e menos aceite por outros, isto resulta das regras da democracia. E contra isto, nada.
O Carlos Alberto apareceu na autarquia com António Simões Estima, tomando posse em 1 de Janeiro de 1980, no lugar de secretário (que era a função que o sr. Estima queria que eu continuasse a desempenhar).
Há depois um interregno de três anos, porque eu volto a secretário, tendo como presidente o Dr. António Bastos, mas o Carlos Alberto logo no mandato seguinte, tomando posse em 22 de Fevereiro de 1986, também como secretário com o Presidente Joaquim de Almeida Marques. Tem outro interregno, quando o Abílio Ferreira Gomes da Silva é eleito presidente e este toma posse em 6 de Fevereiro de 1990.
Mas em 1993, o Carlos Alberto aparece, pela primeira vez, como candidato a presidente e vence as eleições, em resultado das quais toma posse em 25 de Janeiro de 1994. Deste ano para cá, como é sabido, o Carlos Alberto tem sido sempre eleito presidente da Junta de Freguesia. Parece que o actual deve ser o seu último mandato.
Como resultado final desta maratona de eleições, é apenas para vincar que teve seis anos como secretário e desde 25 de Janeiro de 1994 que é Presidente da Junta de Freguesia.

Não vim aqui apontar o que de bom ou mau, ou aquilo que não foi e devia ter sido feito. Venho enaltecer um facto que certamente vai ser difícil igualar em tempos muito próximos.

(a) - O Sr. Cardona foi eleito presidente da Assembleia de Freguesia, mas depois renunciou por motivos profissionais, pois teve de sair da freguesia.
(b) - O José Simões Fernandes, que foi meu colega na Junta, como tesoureiro, faleceu recentemente, como se sabe.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 6

As dádivas para a igreja

Continuando a vasculhar as actas antigas da Junta de Freguesia, fomos encontrar um dado curioso relacionado com um Valonguense residente no Porto e que ofereceu para a igreja os objectos a seguir mencionados, cuja acta nos permitimos transcrever em parte, datada de 23 de Junho de 1901, a qual teve a presença de «padre e prior João Antonio Nunes Callado, presidente, José Correia de Bastos, Antonio da Fonseca Vidal e o vogal, tambem secretario, João Baptista Fernandes de Sousa».

«Acta da sessão em 23 de Junho de 1901»
«E aberta a sessão pelo referido presidente, compareceu o Excelentíssimo senhor Manoel d'Almeida Fonseca, natural déste logar de Vallongo e actualmente residente na cidade do Porto, que declarou que, desejando concorrer da melhor vontade para o asseio e explendor do templo em que recebeu o Sacramento do Baptismo, desejava offerecer, como effectivamente offerecia para a referida egreja os seguintes objectos: uma imagem do Coração de Jezus, uma bandeira ou estandarte, respectiva á mesma imagem, vinte jarras para ornamento do altar onde fosse colocada a imagem e um cofre para receber as as esmolas que fossem offertadas pelos devotos da mencionada imagem e pleos irmãos ou Liga de Oração em união com o Coração de Jesus, conforme os Estatutos approvados pelo Sumo Pontifice Leão Treze, esmolas que desejava também que fossem de futuro applicadas a uma festa annual ou não annual do dito Coração de Jezus; e que, como estava annunciada, honrava hoje a referida imagem, no mesmo templo, e a expensas suas, com uma festa.
E a Junta, summamente grata para com o bemfeitor que offerece os mencionados objectos, deliberou aceital-os; e deliberou tambem que a predita imagem fosse collocada no altar das Almas da egreja matriz desta freguezia, e que n'esta acta se lançasse um voto de louvor ao bemfeitor d'este Santuario, que tanto deseja o engrandecimento do culto Divino.
O mesmo bemfeitor declarou mais que offerecia tambem o paramento completo, branco, que já entregara ao Reverendo Prior d'esta freguezia, para servir no culto Divino da egreja. E a Junta deliberou tambem aceitar este mencionado paramento, muito reconhecida, e roga a Deus que lhe conceda muitos annos de vida para continuar a benefeciar esta egreja, tão carecida de protecção das almas bemfazejas. E para constar... etc., etc., etc.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina

De acordo com o último apontamento sobre a estação arqueológica do Cabeço do Vouga - sítio da Mina - que temos extraído do Guia da estação e do visitante, numa edição da Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, respigamos das páginas 27 e 28, apenas os dados a seguir, embora advirtindo desde já que se trata de matéria com alguma extensão de pormenores e de história. Está identificado com este sub-título:

Aculturações e afirmações:
do "ferro mediterrânico" ao "ferro atlântico"
«Sobre o substrato ancestral da Idade do Bronze e mercê de contactos com os povos mediterrânicos, por acção dos navegadores/mercadores fenício-púnicos que demandam as costas atlânticas, inicia-se uma pequena rede de tráfico inter-oceânica que favorecerá, não só as elites "overnamentais", ms também as comunidades locais, como também de prestígio.
Estas redes de comércio a uma escala não já só de nível local e regional, mas que tende a ultrapassar fronteiras, começa a deixar testemunhos arqueológicos indeléveis que as documentam.
Curiosamente ou talvez não, os artefactos metálicos ainda não se afirmam enquanto ítem de uso quotidiano, mas a olaria e os elementos de adorno constituem exemplos vivos desses intercâmbios a escala moderada, maas que se instilam paulatinamente nas comunidades populacionais do tempo.
Será, contudo, ao nível da olaria que este processo de interligação e, de certo modo, de aculturação com o mundo mediterrânico, mais notoriamente se fará sentir.
Desconhece-se - talvez porque ainda não bem identificada - a cerâmica de cozinha e de mesa; contudo, uma olaria fina, do tipo "fabrico a molde", paredes finas, superfícies exteriores finamente engobadas e brunidas, carenas alteadas, bordos exvasados e planos, lembrando modelos conhecidos de épocas anteriores, do tipo "pot a fleurs" ou vasos de "cosmética" e/ou perfumaria e libações - por que não - marcam definitivamente esta etapa da aculturação pelo ferro mediterrânico, das populações do Bronze Final, do I milénio a.C.
Esta Idade do Ferro de origem mediterrânica depressa se verá ultrapassada pelas aportações maciças dos povos da Europa Central detentoras, também elas, do Ferro, mas este já atlântico.»

Blogues da freguesia - 1

TRILHOS DE 'UALLE LONGUM'

Nas habituais deambulações por esta auto-estrada internauta, e a propósito do post anterior, queria que ele ficasse ilustrado com alguma coisa relacionada com o lugar da Alombada, na freguesia de Macinhata do Vouga.
Por aí andei e, em vez encontrar o que pretendia, dou de caras com um interessante blogue, que possui links para outros sites, e que está identificado por:
TRILHOS DE UALLE LONGUM
Ficamos a saber que se trata de um conjunto de jovens (e não só), dedicados ao salutar desporto de BTT, conforme cartaz que anunciava um dos eventos da modalidade, que a seguir apresentamos.

Saudamos estes Trilhos, a juntar a tantos outros, e respectivos responsáveis, que na sua barra lateral têm a palavra FAROMONTANOS, que identificava, pela forma histórica e medieval, a localidade de Fermentões, da freguesia de Valongo do Vouga, bem como as fotos, sempre maravilhosas, das paisagens por onde passam e dos factos que ocorrem quando da prática da modalidade.
E vamos acrescentar nos blogues que seguimos, identificando-o na barra lateral destas «Terras do Marnel e Vouga», juntamente com outros «Companheiros de Jornada.»


A Junta de Freguesia na história - 5

"Guerra" com rio da Alombada


Uma acta da sessão ordinária de 8 de Abril de 1900, cuja Junta era constituída pelo Revº prior João António Nunes Callado, presidente, José Correia de Bastos e António da Fonseca Viadal, vogais efectivos e ainda João Baptista Fernandes de Sousa, vogal secretário, diz que:



«Compareceu logo um grande número de moradores d'esta freguezia a denunciar que alguns habitantes do logar e freguezia de Paradella, do concelho de Sever do Vouga, tentam desviar o curso das aguas do rio d'Allombada, apanhando-as todas na sua corrente, e conduzindo-as por uma mina subterranea e fechada a uma grande distancia d'aquelle rio, com o fim de as empregar na rega de terrenos proprios e outros fins particulares. E esta Junta, que sabe que o rio da Allombada é um dos maiores affluentes do rio Vouga; que no seu longo percurso, atravez das freguezias de Paradella, concelho de Sever do Vouga, e da de Macinhata, no d'Agueda, e por muito proximo também da freguezia das Talhadas e d'alguns logares d'esta de Valongo, faz laborar grande numero de engenhos, pertencentes aos povos d'estas quatro freguezias, nas quaes moem o pão de que se alimentam, desde tempos immemoriaes; que rega tambem grande quantidade de predios que os moradores d'estas freguezias possuem nas margens d'aquelle rio; que as suas aguas vão avolumar consideravelmente as do rio Vouga, concorrendo assim muito poderosamente para o mais facil e commodo transporte, que por este rio se faz das inummeras mercadorias, como são os productos metallurgicos das importantes minas do Braçal e das Talhadas, das enormes quantidades de madeiras, lenha, matto, pedra que esta região fornece para a cidade d'Aveiro, Ilhavo e Vista Alegre, e para todo o litoral do districto em geral, não esquecendo ainda muitos productos agricolas, que da parte da Beira Alta descem ao caes de Pecegueiro, e d'aqui seguem rio abaixo a abastecer muitas praças e mercados d'este districto, como tambem pelo mesmo rio sobe immensa quantidade de sal para os povos marginaes até a Beira Alta:
Deliberou tomar na maior consideração a justissima reclamação dos seus comparochianos, que se vêem ameaçados nos seus direitos adquiridos d'esde á seculos, e levar este facto ao conhecimento do Excellentissimo senhor director das Obras Publicas d'este districto d'Aveiro, afim de que, pela repartição competente, sejam embaraçados aquelles que tão audaciosamente tentam tirar, por muito ou pouco tempo, a agua do rio d'Allombada.
E deliberou tambem que d'esta acta se tirasse copia que será remettida ao Excelentissimo senhor director das Obras Publicas d'este districto d'Aveiro para o predito fim.
Não havendo mais de que tratar deu o presidente por fechada a sessão, etc., etc., etc....»

*****
Confesso que não sabia deste facto histórico narrado nesta acta. O que parece ser evidente é que queriam, e não sei se o conseguiram definitivamente ou não, desviar o curso do rio de Alombada, que todos conhecem.
Os seus fautores, terão sido os habitantes de Paradela. Não conhecemos, e isso seria curioso, quais terão sido as reacções dos habitantes de outros lugares e freguesias.
Na freguesia de Valongo damos conta que esta acta é um documento indiscutível e indelevel de que alguma coisa se terá passado quanto ao desvio do curso das águas daquele rio.


sábado, 16 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 4

O legado de Manuel Francisco Corga

Igreja Paroquial de Macinhata, onde residia Manuel Francisco Corga

Em 19 de Novembro de 1899 foi lavrada acta de uma sessão da «Junta de Parochia» pela qual se historiava a aceitação de um legado por morte de Manuel Francisco Corga, que residia na vizinha freguesia de Macinhata, mas natural da freguesia de Valongo do Vouga.

Nessa sessão, «compareceu a senhora dona Margarida de Melo Corga viúva do finado benemerito Manuel Francisco Corga, da visinha freguesia de Macinhata do Vouga, e natural d'esta de Vallongo, e por ella foi dito que, desejando cumprir em tudo a vontade de seu finado marido, vinha, n'esta data, na qualidade de sua testamenteira, fazer entrega do legado que elle deixara, no testamento com que fallecêra, a esta Junta de parochia de Vallongo, não obstante considerar-se desobrigada do cumprimento do disposto no referido testamento, visto ter repudiado a terça que elle, seu marido, lhe deixara; e assim entregava e faria averbar a favor d'esta Junta as inscripções sob os números cento e vinte e seis mil setecentos e cincoenta, cento e vinte e seis mil setecentos e cincoenta e um, e cento e vinte e seis mil setecentos e cinquenta e dois, do valor de um conto de reis nominaes cada uma - o que perfaz tres contos de reis nominaes de que reza o mencionado testamento, cujo rendimento será, de futuro, por esta Junta, d'acordo e sob a informação do Reverendo parocho, applicado em esmolas aos pobres doentes d'esta freguesia, cumprindo-se, assim a vontade do testador, seu marido. E esta Junta de parochia, reconhecida por tão grande benefício que aos pobres deixára aquelle benemerito, que jamais se esquecerão de repartir com os necessitados dos bens de fortuna com que Deus o favorecera, deliberou, em harmonia com o preceituado no Código Administrativo, aceitar aquelle legado, obrigando-se a cumprir a vontade do testador; e deliberou mais que se lançasse n'esta acta um voto de louvor e de agradecimento à Excellentissima senhora Dona Margarida de Mello Corga, pelo empenho que tem votado em cumprir as disposições testamentarias e vontade de seu marido.»

Encerra a acta com os termos do costume, dizendo que dela fossem tiradas as cópias ou certidões necessárias, com o devido destino, «sendo uma das copias remettida à Excelentissima viuva do benemerito Manuel Francisco Corga».
*****
Este legado, nos termos em que está redigido, carece de algum esclarecimento adicional. Por um lado indica os números identificativos do legado. Leva a supor tratar-se de terrenos. Mas quando lhe dá um valor total de 3 contos de reis (uma pequena fortuna para o tempo), também se pode deduzir ser em dinheiro e, com este, procurar obter-se algum rendimento para os fins ali denunciados. Fica uma dúvida que parece ser legítima.
*****

Nota: - Encontrei neste «mar cibernauta» um endereço que me denuncia o nome de Manuel Francisco Corga, apenas na pesquisa feita pelo nome, natural de Macinhata do Vouga, o que não será verdade. Abaixo a cópia do que consta nessa pesquisa. Porém, não conseguimos visualizar o que se pretendia, por se tratar de matéria informática fora do nosso alcance.

*****

Full text of "Annuario"86 Annibal de Mello e Corga, filho de Manuel Francisco Corga, natural de Macinhata do Vouga, concelho de Agueda - 6.% 7.* e 10.* — Vol. ...
www.archive.org/.../annuario03portgoog_djvu.txt - Em cache - Semelhante -

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 3

Sessão de 24 de Abril de 1898
Restauração da imagem do Senhor dos Remédios
- Veiga -



Capela do Senhor dos Remédios e Nª Sª das Pressas-Veiga

A acta da sessão da Junta de Freguesia realizada na data que aqui está encimada, dá conta de que naquela altura terá sido restaurada a imagem do Senhor dos Remédios, na capela da Senhora das Pressas, na Veiga. É curiosa esta redacção, que diz:

«Aos 24 dias do mez de abril de mil oito centos e noventa e oito, pelas nove horas da manhã, n'esta casa da fabrica da freguezia de Vallongo, se reuniu o presidente da Junta de parochia da mesma freguezia, João António Nunes Callado, parocho da freguezia, com os vogaes José Gomes d'Almeida e Silva, Antonio da Fonseca Vidal e commigo secretario João Baptista Fernandes de Souza, os quaes, sob a presidencia do primeiro, se constituiram em sessão ordinaria.
E logo, depois de aberta a sessão, ponderei eu secretario, que tendo pelas, digo, mendigado das pessoas principaes da freguezia esmolas para uma tunica do Senhor do Remedio da Veiga, e tendo conseguido donativos sufficientes para esse fim, foi effectivamente comprada a tunica e mandada bordar a fio de ouro por Dona Adelaide de Paula Quaresma d'Arrancada; e constando que na capella da invocação do Senhor, digo, da invocação da Senhora das Preces, da referida Veiga, onde se acha tambem a imagem do Senhor do Remedio, ha algum rendimento de offertas, e que esse rendimento pode agora crescer com o asseio da mencionada imagem do Senhor do Remedio, devia esta Junta, no cumprimento das suas attribuições, fazer entrar no cofre todo esse ...» (não tenho mais fotocópia desta acta, mas facilmente se sabe que o restante diz respeito ao rendimento que o restauro da imagem poderia proporcionar.)

*****

O que se pretende aqui deixar expresso, é o pormenor da "mendicidade" que existiu para restaurar a túnica do Senhor dos Remédios, que o secretário, naquela acta, "teima" em chamar-lhe "Senhor do Remédio". Não há mal nenhum, que não seja só talvez um hábito daquele tempo.
O que não sabemos é se a túnica actual que bordeja e cobre a imagem do Senhor dos Remédios, ainda será a mesma de 1898. Se for, é lógico que tem mais de cem anos. Se houver alguém que saiba, pode aqui dirigir-se e acrescentar ou corrigir o que for necessário.
É evidente, como se tem dito, que procuramos respeitar a ortografia da época.

Paz e amor para Ricardo Araújo Pereira


“O ateísmo tem sido, para mim e para tantos outros incréus, a luz que me tem conduzido na vida. Às vezes fraquejo, em momentos de obscuridade e de dúvida, mas, mesmo não sendo capaz de provar a inexistência de Deus, tenho conseguido manter a fé – uma fé íntima fundada numa peregrinação que tem a grandeza e a humildade da longa caminhada da vida – em que Ele não exista”.
Fiquei a pensar nestas palavras de Ricardo Araújo Pereira, lidas na Visão de 31/12/2009 (intitulavam-se “Paz e amor para todos menos para mim”), onde ele descosia, com cordialidade e combate, a homilia de Natal do Patriarca. À irresistível trepidação hilariante, que pontua a construção dos seus textos, junta-se aquilo que mostra, talvez ainda melhor, como Ricardo Araújo Pereira é simplesmente um grande escritor: o modo como se expõe e nos expõe, numa archeologia ad usum animae.


P. Jose Tolentino Mendonça
A pequena e interessante opinião que pode ver aqui

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Junta de Freguesia na história - 2

Curiosidades formais
- Em 1893 -

Na pesquisa que temos realizado na Junta de Freguesia, como já se disse antes, não há, até ao momento em que o fizemos, grandes descobertas históricas que mereçam ser evidenciadas. Mas há algumas curiosidades, embora formais, não deixam de fazer história, principalmente para quem já fixou as formalidades actuais. Ou seja, como era antigamente? Ora vejam o conteúdo desta acta:

Retábulo do altar-mor da igreja de Valongo. As igrejas eram as Juntas de Freguesia de então

«Acta da sessão do dia 10 de fevereiro de 1893»

«Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oito centos e noventa e tres, aos dez dias do mez de fevereiro do dito anno, n'esta casa da fabrica da freguezia de Vallongo, por 10 horas da manhã, se reuniram o ex-presidente da Junta da mesma freguezia, Custódio Martins Pereira, o vogal nato prior José Duarte d'Almeida Martins, e os vogaes ultimamente nomeados pela Camara municipal d'este concelho, Antonio Almeida dos Santos, Antonio d'Almeida Branco Júnior e João Baptista Fernandes de Sousa, os quaes, em obedîencia ao disposto no artigo dezasseis do Codigo administrativo, prestaram juramento, em livro próprio, de fidelidade ao Rei e obediencia à Carta Constitucional, aos actos adicionaes e às leis do reino.
Em seguida, constituiram-se todos aquelles em sessão, tomando a presidencia o vogal mais velho, o reverendo prior José Duarte d'Almeida Martins, e procedend-se à eleição, por escrutinio secreto, dos que haviam de servir de presidente, vice-presidente, secretario e Thesoureiro, verificando-se, depois de corrido o escrutinio, que foram votados para aquelles cargos os seguintes vogaes: - para presidente Custodio Martins Pereira, com quatro votos; para vice-presidente, Antonio Almeida dos Santos, com quatro votos; para thesoureiro, o referido prior com quatro votos; e para secretário, João Baptista Fernandes de Sousa, com quatro votos. E tomando logo a presidencia o vogal Custódio Martins Pereira, propoz este que lhe parecia conveniente que as sessoes.....»

*****
Não tenho o resto da acta, mas parece que a proposta do eleito presidente incidia sobre os dias das sessões públicas, que eram, normalmente, nos segundos e quartos domingos de cada mês.
A transcrição daquela acta foi feita, propositadamente, palavra a palavra, tal qual está escrita, respeitando-se, deste modo, a ortografia da época.
Claro que aqui podemos verificar, no aspecto formal, como se faziam juramentos para o desempenho das funções, de «fidelidade ao Rei e obediência à Carta Constitucional» e em «livro próprio». Certamente que o livro faria, comparativamente com a actualidade, que não houvesse esquecimento por parte daqueles que iam desempenhar funções em favor do povo.

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
- Sítio da Mina -


Como se referia no antecedente sobre este tema que temos vindo a citar do Guia da Estação e do Visitante, editado pela Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, entrando nas páginas 25 e 26, sobre:


As origens do povoamento na Idade do Bronze
«Os primeiros testemunhos da ocupação Humana no sítio da Mina, embora não visíveis à superfície do terreno, exceptuando-se um ou outro fragmento cerâmico, datam da Idade do Bronze.
A existência de uma ocupação anterior à Idade do Ferro ficou comprovada com a escavação arqueológica dos sedimentos até ao soco rochoso, pois é de sobremaneira sobre estes finos sedimentos depositados sobre o arenito que as populações se irão estabelecer - este aspecto é bem revelador de que, por alturas do V milénio a.C., o soco rochoso aflorava praticamente à superfície.
Podem ser, inclusivé, identificadas duas fases cronológico-culturais: um Bronze Antigo e um Bronze Final, particularmente a partir dos ítens da cultura material, com relevo para a cerâmica.
Na primeira fase predominam os artefactos itícos, talhados e/ou polidos, acompanhando uma olaria de fabrico manuel, não decorada, de formas herdadas do Calcolítico.
Na segunda fase, as cerâmicas carenadas e de superfícies brunidas, impõem-se sobre este fundo comum.
Artefactos metálicos associados a estas duas ocupações diacronicamente diferenciadas, não se conhecem, o que de certo modo indicia que o metal constituía um item ergológico raro e, como tal, apropriado e/ou detido pelas elites - chefaturas.
Dos itens domésticos faziam ainda parte moinhos manuais, em granito - mós de rebolo, como também são conhecidos.
Ao nível do habitat, este é muito frustre, constituído por cabanas em palha-barro, servidas por lareiras internas, definidas por pequenas pedras dispostas em círculo, como aqui se documentou no sitio da Mina.»


A seguir: - Aculturações e afirmações:
do "ferro mediterrânico" ao "ferro atlântico"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Trangalhadanças

É um Blogue
.....
Pois meu caro visitador, antes que se note a ferrugem das engrenagens encefálicas, arranjei mais uma ocupação. Criei e estou a manter, embora com alguma facilidade, mais um blogue que denominei de Trangalhadanças. Está aqui na barra lateral, como blogue que estou a seguir, no que intitulei de «Companheiros de Jornada».
Digo facilidade, porque orientei o seu conteúdo para notícias com características especiais, que vou rebuscar aos links criados e dali fazer copy e, depois, paste para o blogue.
Na maioria dos casos acrescento qualquer coisa sobre a notícia pois, como disse no post 1, não tenho grande jeito para comentar com algum humor aquelas que a isso podem sugerir.
De resto, deverá ser acrescentado, que não segui o conselho de um amigo bloguista (mas dos sérios e importantes do burgo bloguer) que me desaconselhava pela ausência de tempo e matéria para a manutenção de dois. Embora esta troca de impressões fosse originada, porque queria fazer aqui um blog sobre determinada matéria específica, difícil mas não impossível, mas que requeria estudo, pesquisa, redacção, etc...
Se for visitar aquele blog vai encontrar os títulos todos com T1, T2, T3 e assim sucessivamente. Primeiro, pode ficar descansado que não se trata do tamanho de apartamentos. Depois como hoje já vai em T22, também não é nenhum arranha-céus.
A letra T vai significar a primeira letra de «Trangalhadanças». Logo T22, será o Trangalhadanças nº 22. Quer dizer que vou inventariando permanentemente o número de post's que vou colocando.
Com esta explicação, neste «Terras do Marnel e Vouga», espero ter criado alguma expectativa e interesse. Se assim for, agradeço desde já...
Com um grande abraço (aos visitadores masculinos) e um beijinho (aos visitadores femininos).
Até um dia destes...

A história local

Estação arqueológica do Cabeço do Vouga
Sítio da Mina
....
À descoberta da estação arqueológica - anos 90
Hoje vamos transcrever, as páginas 22, 23 e 24 do «Guia da estação e do visitante», com edição da Câmara Municipal de Águeda/Gabinete de História e Arqueologia, a que nos temos referido anteriormente, correndo o risco de se tornar longo e enfadonho. Se não o fizéssemos, estaríamos a cometer um erro sobre a compreensão do seu conteúdo. Diz assim, naquelas páginas:
......

«Hoje, a visão que se tem da ocupação diacrónica do espaço arqueológico, ainda maioritariamente centrado no sítio da Mina - a plataforma mais pequena de toda a ocupação humana do Cabeço do Vouga - é radicalmente diversa daquela que os bem intencionados estudos do Dr. Rocha Madahil então propuseram e que na altura, mesmo a contragosto, alimentaram a polémica das «Talábrigas» mas, também, mais complexa daquela abordagem que se construiu no final dos anos 90.
Tanto ao nível da diacronia da ocupação humana como mesmo no "interior" do domínio e consolidação das políticas imperiais romanas, o quadro da interpretação se alterou, consequência de vários anos de estudo sistemático do arqueosítio e dos dados obtidos e respectivas interpretações e reinterpretações, como compete ao processo de investigação, em contínua mudança.
Hoje é inquestionável que o sítio arqueológico da Mina representa uma ocupação "periférica", se bem que muito expressiva, do todo, arqueológicamente entendido, que constitui o Cabeço do Vouga, ou seja, o Cabeço Redondo - principal espaço ocupacional.
Que o estabelecimento das primeiras comunidades humanas sedentárias se verificou ao longínquo Calcolítico Final, ou seja, por alturas dos finais do III milénio a.C.
Seguiu-se-lhe uma ocupação que estará na origem de todas as transformações posteriores, a Idade do Bronze, sobre a qual assentará não só o Ferro Atlântico dos finais do I milénio a.C. e que se prolongará atá ao séc. I a.C., altura em que o imperialismo romano irá tecer a teia da sua expansão político-militar e consequente reorganização dos espaços dominados.
O domínio romano constitui, no Cabeço do Vouga, uma visibilidade incontornável e insubstituível, seja ao nível da cultura material como dos aspectos arquitectónicos que aqui adquirem uma expressão única, pelas soluções encontradas e em que as abóbadas de eixo vertical marcam uma expressão indiscutível da mestria da engenharia civil romana, sem paralelo algum conhecido.
O Cabeço da Mina com as suas expressões arquitectónicas peculiares e únicas, na vasta rede organizativa romana, constitui um exemplar único e insubstituível que aqui, neste trecho do baixo rio Vouga, marcam indelevelmente todo aquele substrato sócio-económico do mundo pré-romano da Idade do Ferro e que, paulatinamente, se vai construindo com aportações várias visando, sem disso se dar conta, um mundo novo, em que a "mudança" constituirá um património humano rejuvenescido e apto a enfrentar os desafios futuros.»


*****

A seguir, iremos mostrar, daquele Guia, «As origens do povoamento na Idade do Bronze».

Natal?!

"Mãe, o Pai Natal existe?"
Aprenda a resolver este dilema

Acreditar no Pai Natal é saudável, dizem os psicólogos. Contudo, mais tarde ou mais cedo, os seus filhos vão descobrir que ele não existe. Descanse: não haverá traumas. Saiba como lhes contar.
....


No Jornal i on line, de 14 de Dezembro de 2009, da autoria de Vanda Marques, que pode consultar clicando aqui, há um artigo interessante sobre este tema, do qual apresentamos os tópicos em azul.
Agora que as azáfamas do natal, as ansiedades, o corre-corre, que os brinquedos "desapareceram" das prateleiras de super e hiper-mercados, agora que as luzinhas se apagaram, que as ilusões terão sido mesmo algumas, agora que o barulho das musiquinhas se calaram, que as iluminações se desmontaram, que as guloseimas provocaram mais glicémia, colesteróis e outros «bichos» do género, penso que é tempo de meditar se aquela época deveria ter sido mais prolongada ou não, se se deveria manter diariamente (que exagero!) para benefício de todos (mas onde estão as possibilidades para isso?) continuando a provocar as ilusões que o artigo sublinha e recomenda como se vai responder a uma criança que pergunta: «Onde está o Pai Natal?», ou «O Pai Natal existe?».
Leia aquele artigo, que nós prometemos trazer aqui, agora que estamos todos numa «ressaca» de tudo aquilo que representou - que não representou, para muitos - O Natal e o seu Pai.
Mas que diabo de asneira!!! O Natal tem Pai?

Eclesialmente

Bono, Bíblia e Rei David

“Aos doze anos adorava David: para mim era como uma «pop star», as palavras dos salmos eram poesia e ele era um ídolo”.
O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, lembrou as afirmações do vocalista dos U2, Bono Vox, que falam do seu fascínio pelo Antigo Testamento, nomeadamente pelo Rei David.
“Antes de se tornar profeta e rei de Israel, David passou por muita coisa. Foi exilado, e acabou por ir viver para uma caverna, onde fez as pazes com Deus. É aí que esta novela se torna interessante: David compõe os seus primeiros blues”, declara Bono.
Para o jornal da Santa Sé, estas palavras poderiam não ser mais do que uma afirmação irreverente; mas para o autor do artigo, Gaetano Vallini, a confissão do cantor pode ser lida como uma “originalíssima declaração de fé”.


Esta notícia tem continuidade no SNPCultura que pode ler aqui
Além disso, tem um vídeo dos U2, que pode ver.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ecumenismo

Semana da Unidade dos Cristãos
Talvez devêssemos ouvir Mozart juntos


Os passos mais consistentes no caminho ecuménico foram sempre sustentados por histórias concretas de amizade. E se há um desafio urgente a acolher, em vista dessa oração que Jesus faz («que todos sejam um» Jo 17, 22), é precisamente esse: o do mútuo conhecimento entre os cristãos, o da relação franca, tecida na gratuidade, na descoberta, no prazer de estarmos juntos, em trocas criativamente cordiais que avizinhem não só a razão.
No significativo património ecuménico que o século XX construiu, destacam-se, como pilares, histórias assim. Recordo aquela vivida por dois nobilíssimos teólogos: Hans Urs von Balthasar, católico, e Karl Barth, da Igreja Reformada. Conheceram-se em Basileia, nos anos 40, e certamente conversaram muito sobre as suas visões teológicas, sobre os grandes mestres da tradição cristã que revisitavam, sobre conceitos, distinções e distâncias. Conheceram-se a esse nível tão a fundo, que Balthasar escreveu uma introdução ao pensamento de Barth, hoje unanimemente considerada na bibliografia crítica daquele autor. Mas talvez esse sintonia não fosse possível, se a uni-los não estivesse também uma arrebatada paixão pela música de Mozart, que escutavam juntos naqueles anos tão carregados de incerteza, vendo (ou melhor, ouvindo) nela um sinal palpável da Redenção.

Pode ler mais aqui com alguns vídeos de boa música
Fonte: P. Jose Tolentino Mendonça
In SNPCultura
Gravura: - Pintura Saverio dalla Rosa

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...